sexta-feira, 29 de abril de 2011

Brincadeiras na Educação Infantil!

   
O aprendizado torna-se significativo, quando se conquista a liberdade, isto é, quando a criança pode explorar o ambiente pela qual esta inserida, onde muito se tem a conhecer. O medo perde espaço para a segurança, onde a criança diante as novidades, consegue assim desenvolver o seu aprendizado. Meu trabalho divide-se em duas partes sendo: Brincadeiras na Educação Infantil e Fazendo do Brincar Uma Ajuda Para O Aprendizado. Considero fundamental para as crianças o contato com as brincadeiras, estas mesmas, importantes para a maturidade.

Brincadeiras na Educação Infantil
 Percebo a importância do brincar, este mesmo que possibilita à criança o aprendizado específico. A criança que brinca busca na imaginação o seu desenvolvimento diante a diversidade de situações cotidianas. Toda criança ao passar por estágios, aonde vão adquirindo a maturidade, tornando assim o brincar, mais significativo para a mesma. O sentido do brinquedo para crianças maiores não se de tem somente ao “objeto”, mas sim a imaginação/fantasia, tornando as brincadeiras mais produtivas.
     Diante das minhas observações na escola parceira, visualizei que, as crianças no mundo da brincadeira, fantasia, "fazem de conta", tudo acaba se tornando real perante o seu olhar. Fico encantada como a criança faz um cabo de vassoura se tornar um cavalinho e um pedaço de madeira entre outras coisas se tornarem bonecas, carrinhos, etc.
     Toda criança deve ser cuidada/ protegida, tem o direito ao brincar e aprender, e junto a essas mesmas brincadeiras, conquistar o seu espaço, e através do professor, este mesmo que deve oferecer estímulos às crianças proporcionando o ensino-aprendizagem. Ainda digo que se deve ousar em criatividade, buscar sempre novidades para o "brincar", não ficar sempre no mesmo, o desafio é inovar constantemente. A criança é incansável à novidades/conhecimentos, então quanto mais proporcionarmos recursos, para ajudar no desenvolvimento educacional, mais a criança achara conforto e contribuição para o seu desenvolvimento da maturidade, logo, considero importante o que diz Jean Piaget: “O professor não ensina, mas arranja modos de a própria criança descobrir. Cria situações-problemas” (www.imotion.com.br/frases/?p=6139).
     Considero um fato de extrema importância, como é citado no texto proposto A Formação Social da Mente, Vigotsky, onde diz que o professor e a família em diferentes situações, devem estar sempre atentos observando como a criança brinca claro, que não impedir “o brincar”, mas estar atento como acontecem as brincadeiras. É uma fase de autoconhecimento /confiança, então esta cuidada devem ser essenciais. Cabe aos professores e os pais passarem uma contínua segurança a criança e deixar o interesse pelo conhecimento prevalecer, incentivar deixar ao seu “alcance” junto à experimentação, ajudando a contribuir com a sua formação.
     O brincar coletivo ocasiona as interações onde muitas crianças expressam seus sentimentos e “abandonam” a individualidade que até então as tornavam egocêntricas e limitadas a dividir/compartilhar (fase de dois a três ano em média). A interação do grande grupo possibilita à criança a construção do conhecimento.
     O que não deve fazer parte do convívio das crianças são as brincadeiras que geram violência e que entre outras coisas não passem nada de bom para criança. Mas muito se tem a oferecer relacionado a brincadeiras; como por exemplo: brincar formando um grande grupo - resulta em coleguismo, participação, saber dividir entre os demais conceitos de bons princípios. Já no caso dos jogos individuais onde existe o estimulo de pensar e o desenvolver de determinadas situações, determinação/iniciativa Diante as diferentes adversidades, isto é, situações de enfrentamento desempenhadas pelas crianças, as brincadeiras, contém, um “certo peso”, quero dizer influenciam as crianças.  
     É na educação infantil, onde se constrói o "alicerce", em outras palavras a formação de personalidade, ajudando na construção do conhecimento. Essa mesma personalidade que mostra a diferença visível entre uma criança que brincou na infância e a outra que não brincou, mostrando assim o papel do brinquedo em seu desenvolvimento. Quando acontece a imaginação, que a criança participa no “faz de conta”, o processo de construção do conhecimento vai acontecendo aos poucos, nunca sendo “algo pronto” e essas situações constituíram conceitos para o aprendizado.
     É de extrema importância  a "imaginação" nas brincadeiras infantis, pois ocasiona elementos fundamentais para o desenvolvimento infantil, como fala no texto proposto para leitura, a imaginação, isto é, acontecem devido à participação de situações na realidade, que são presentes na vida da criança, papéis sociais, a convivência.
     As brincadeiras ajudam no aprender, facilitando assim o desenvolvimento, e também ajudam o comportamento da criança, isto é, situações e regras vão se formando ao brincar, não é “algo solto”, que se faz sem sentido, mas sim resultará no futuro, sendo uma demonstração de formação intelectual e sentimental das crianças. Outro fato presente no texto, é que, quem brinca  é ajudado na interpretação da realidade, comunicação e também fazendo a criança entender os outros e a si mesma mais facilmente. Tratando-se do brinquedo, este mesmo deve ser oferecido à criança e ser colocado a um lugar de fácil acesso. A criança sem o brinquedo, seria o mesmo que uma "restrição” ao seu desenvolvimento, isto é, a falta de experimentação/ conhecimento, convívio com as diferentes situações, liberdade de expressão, seria o mesmo que, fosse retirado o que há de melhor e fundamental, para uma criança que possui suas necessidades específicas.
     A diferença que faz na vida de uma criança sem o brincar, é um problema visível. Através do documentário “Crianças Invisíveis”, podem-se perceber claramente os diferentes sujeitos envolvidos, isto é, crianças que de certa forma ocultam sua infância, passando por situações que os obrigam a tornarem-se adultos, sem presenciaram o que é o “brincar”, vivenciando a violência, crueldade, exploração do trabalho infantil, preconceito, roubo, consumismo, porém, são somente crianças, que no “fundo do coração”, tem um desejo; o de conhecer o “brincar” e o “conhecer” participar, ou melhor, ao verem uma brincadeira, ou uma sala de aula, despertando a vontade de estar na mesma, desenvolvendo seu aprendizado, buscando o conhecimento, só precisam de oportunidade.
     No documentário  Crianças Invisíveis, podemos analisar que existem crianças que vivem situações, ou até mesmo nasceram nessas situações de extrema dificuldade, misérias, sendo elas econômicas, sociais, desigualdades, preconceito, e enfrentam em seu cotidiano a falta de incentivo, vivendo em ambientes de plena conturbação. Tenho como opinião, que para inserir a pratica pedagógica, o propicio seria buscar através dessas diferentes realidades infantis, “meios”, para conquistar recursos, para mudar essa realidade, presente em todos os paises e regiões (o documentário abrange muito bem isto), deve-se enfrentar essas situações como futuras professoras, para que aconteça a transformação de mudança,
     As crianças apresentadas no documentário são crianças reais. Essas mesmas que passam por grandes “tumultos”, mas não se pode esquecer que muitas vezes, uma triste realidade pode ser transformada. Concordo com o documentário, quando se refere às crianças brasileiras, pois, muitas das mesmas, trabalham incansavelmente e ajudam no sustendo a sua família, muitos não freqüentam a escola, outros freqüentam, mas chegam tão cansados nas mesmas que não conseguem aprender, outros vão à escola, com um objetivo, a merenda, que muitas vezes é a única refeição do dia, uma condição real, dolorosa, apresentada por crianças reais.
     Embora paises e regiões tão diferentes no mundo, muitas das brincadeiras são semelhantes, tais como: brinquedos (bonecas (os)), estilingue, futebol, pega-pega, brincadeiras com sombras na parede, bola, parque de diversões, brincadeiras em grupo, etc. Outro fato é a desigualdade socioeconômica, onde muitas crianças têm uma grande estrutura econômica, assim desprezando o que tem, enquanto outros valorizam o mínimo que possuem.
     É triste, ao mesmo tempo de grande dificuldade, quando não se consegue permitir que uma criança tenha contato com o “brincar”, isto é, muitas crianças como aquelas que apareceram no primeiro episódio (do documentário): Crianças Invisíveis, não tinham qualquer relação com brinquedos e consideravam-se “mais fortes” por estarem com uma arma na mão, a realidade das mesmas, deténs - se em não saber o que era um brinquedo, mas “Tanza” ao se deparar com brinquedos e uma sala de aula, ficou encantado, se sentiu a vontade, tirando até os calçados, coisa que jamais fez. Em outro episódio, a menina chinesa, mesmo passando por condições de pobreza, não desistiu de seus sonhos de entrar na escola. Entre demais episódios quero dizer que foram apresentadas crianças com incertezas, falta de segurança, proteção, exploração, tudo isso, para apenas crianças, que são o futuro da humanidade, precisamos cuidar bem das mesmas, pois são muito especiais. A pratica pedagógica pode interferir como já havia mencionado, suprindo necessidades, solucionando problemas, tendo em vista o comprometimento.
     Contudo, em outro momento, fazendo a leitura de algumas lâminas de “olhos de criança (Francesco Tonucci)”, pela qual percebi esse “universo”, tão intenso que é o “mundo infantil”. Educação infantil abrange desde a creche, onde as crianças pequenas estão em fase de descobrimento, convívios sociais, adaptações, regras, que contribuem assim para o desenvolvimento da criança. As creches jamais devem ser consideradas como “depósitos de crianças”, mas sim como um ambiente propício a essas mesmas crianças, que posam desenvolver atividades, diante a isso, esta a importância do brinquedo e o espaço com liberdade.
     Também deve ser levado em consideração que, com o desenvolver das fases da criança, esta mesma, traz consigo uma bagagem, devido a sua realidade, suas vivências, traz o seu conhecimento, isto não deve ser apagado ao entrar na escola.  O conhecimento da criança já conquistado deve ser sempre mencionado, é importante sempre estar atento aos momentos do aprendizado, isto é, a criança ao chegar à escola, leva consigo, dúvidas, inquietações, situações do próprio ambiente familiar estes mesmos fatos, devem ser considerados, pois a realidade do sujeito nos traz a compreensão e assim saber como ajudar a criança diante as dificuldades, logo.
     Como nos diz  Almeida:
A esperança de uma criança, ao caminhar para a escola é encontrar um amigo, um guia, um animador, um líder - alguém muito consciente e que se preocupe com ela e que a faça pensar, tomar consciência de si de do mundo e que seja capaz de dar-lhe as mãos para construir com ela uma nova história e uma sociedade melhor. (ALMEIDA, 1987, p.195)
     O aprendizado pode ser apresentado à criança de uma melhor forma, para que, a mesma entenda, com maior facilidade, e jamais deve ser esquecida que as crianças podem sempre, aprender, e tem muito  a ensinar também, e o importante  é buscar bons valores,  e ter a verdade como meta e sempre ter um diálogo com significados diante as adversidades, isto é, falar e também escutar. Como futuros professores, penso que como meta, o comprometimento é a base para o começo, gostar do que se faz e não somente com obrigação.  E finalizando, considero significativas as citações a seguir: “O saber a gente aprende com os mestres e com os livros. A sabedoria se aprende é com a vida e com os humildes”. (Cora Coralina) e “Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos sempre”. (Paulo Freire), entendo com essas citações que podemos ensinar e também aprender simultaneamente. As semelhanças entre as citações são que, toda criança da forma mais simples, pode sim ensinar muitos conhecimentos, e os seus saberes tem grande importância.

 
FAZENDO DO BRINCAR UMA AJUDA PARA O APRENDIZADO 
     Referente ao brincar, acredita-se que, todo professor deverá proporcionar ao seu aluno um ambiente acolhedor que ocasione conforto, segurança, para o mesmo, desenvolver o aprendizado, isto é, através de brincadeiras, o professor pode identificar seu aluno, se prefere brincadeiras individuais ou juntando-se ao grande grupo, se tem convívio com brinquedos, ou se é inexistente.
     Diante as minhas observações na escola parceira, percebo que infelizmente existem diferenças sociais, mas essas diferenças não são feitas com os alunos, me refiro que algumas crianças dispõem de maiores recursos financeiros (possuem um grande número de brinquedos, por exemplo, e muitas vezes nem se importam com os mesmos), enquanto outras crianças não têm nenhum brinquedo, situações estas, que mostram a realidade, dos diferentes sujeitos que acontece na maioria das escolas. Porém quando acontecem as brincadeiras, as crianças esquecem classe social, e se igualam diante as brincadeiras. Uma vez que a criança, pode fazer da imaginação um brinquedo fantástico.
     Outro fato relevante ao desenvolver o trabalho do professor, esta relacionado às situações-problema, que identifico como um caso de uma criança que se isola e, não quer brincar coletivamente e apresenta grande dificuldade, convívio social, cabe nessas situações o professor buscar uma investigação, com a realidade deste mesmo aluno, para saber o que acontece, e procurar resolver esta situação.  Segundo Piaget é no estágio Pré - Operatório é onde a criança é egocêntrica, centrada em si mesma e não se coloca no lugar do outro. Realmente crianças na educação infantil (três anos), cada uma tem sua personalidade, mas acredito que exista uma grande mudança, quando essa mesma criança, que convive somente em casa, vai para escola de educação infantil para o convívio com as outras crianças.  O papel do adulto nesses casos é observar e ajudar essas crianças, e mostrar para a mesma, que ela não esta isolada e sim, tem muitas pessoas à sua volta.
     As diferenças existem, porém quando as crianças estão aprendendo conteúdos, brincadeiras, novidades, jamais são tratadas com diferença, isto é, todos têm direito ao aprender, brincar, conhecer, sem restrições. Muitas crianças buscam o brincar, ou até mesmo tem contato com o brinquedo somente na escola.
     Minha professora parceira busca a participação, de todos os alunos para as brincadeiras, despertando o interesse, por jogos e brincadeiras diversas. Entre muitas as brincadeiras na escola, estão as que envolvem músicas (cantigas de roda) que além de desenvolver a musicalidade também desenvolve a linguagem corporal. Também ocasiona muito o interesse das crianças, os jogos da memória, quebra-cabeça, “achar os pares”, montagem com peças, boliche, bola, pega-pega, esconde-esconde etc.
     ”Pessoalmente, “o que me chama atenção, é que cantigas de roda, como: “o limão entrou na roda”, “ciranda, cirandinha” ““.” ovo podre”, apesar de antigas, ainda manténs presentes entre nossas crianças de hoje.  Essas brincadeiras antigas, ainda permanecem mesmo diante a esse mundo envolvido por tecnologia, onde videogames de diferentes marcas disputam o mercado, e não esquecendo do computador que também esta paralelo a tudo isto. Sendo que todos têm o direito ao brincar e descobrir valores/significados nas brincadeiras, pela qual ajudam na construção do conhecimento.  
As brincadeiras antigas que as crianças ainda gostam, entre muitas estão como já havia mencionado ovo podre, viuvinha, pega – pega ciranda-cirandinha, pular corda, pois as crianças consideram essas brincadeiras divertidas, e na linguagem delas, “é muito legal”, pois cantam, pulam, correm, e melhor, brincam com as outras crianças.
Outro dia, li uma matéria, editada na Revista Gol (número 96 – março de 2010), pela qual falava de brincadeiras que jamais serão esquecidas, onde o título era: Vamos brincar de quê?
Pique Esconde Elástico, Bola de Gude: Tudo isso é bem diferente dos jogos eletrônicos, a principal atração entre os pequenos de hoje, mas também garante diversão e faz bem ao desenvolvimento infantil (Por Filipe Marcel).
Se antigamente as crianças brincavam na rua jogando bola ou pulando amarelinha, a turma de hoje fica fascinada com o computador, vídeo-games e aparelhos eletrônicos, mesmo no meio de tanta tecnologia, porque não incentivar os pequenos a curtir as brincadeiras de antes? A professora e escritora Anna Claudia Machado, autora de Brincadeira de criança e Brincadeiras de todos os tempos (ed. Larousse Júnior), do Rio de Janeiro, e a pedagoga Gislaine Souza Feliz, de Curitiba, contam porque esses passatempos merecem resistir ao passar dos tempos.
Ciranda – Ótimo para: a memorização e a audição, além de ajudar a criança a expressar seu próprio corpo. Brincadeiras de roda juntam os pequenos, o que favorece o relacionamento entre eles.
Pique esconde – Ótimo para: ativar a capacidade de observar detalhes, a memória e a criatividade. Também exercita a matemática.
Cinco Marias (jogo dos saquinhos) – Ótimo para: criança aprender noções básicas de matemática. Exercita ainda a atenção, a coordenação e o reflexo. É interessante se a criança puder fazer seus próprios saquinhos com a ajuda dos pais, usando retalhos e arroz ou areia, como recheio.
Elástico – Ótimo para: exercitar o corpo, estimular a coordenação motora e dar noções de equilíbrio. Também desafia a criança positivamente a passar as diversas fases, pulando cada vez mais alto até o elástico chegar à cintura.
Pular corda – Ótimo para: desenvolver a coordenação motora, promover expressividade e ritmo, exercitar a capacidade física de velocidade.
Peteca, Bola de Gude, Pião e Ioiô – Ótimo para: dar noção de espaço, exercitar a concentração e memorização. Alguns deles também ajudam a criança a se distrair sozinha, longe da tv.

Referências Bibliográficas:
www.projetospedagogicosdinamicos.kit.net
Duarte, Newton. Vigotsky e o “aprender a aprender” críticas as apropriações neoliberais e pós modernas da teoria Vigotskiana / Newton Duarte – 4 ed. - campinas, SP: autores Associados, 2 ( coleção educação contemporânea 2006).



4pilares. Zi_yu.com/?Page_id=159

 Vigotski, “A formação Social da Mente”.

Documentário: Crianças Invisíveis: Direção de Kátia Lund, Spike Lee, Ridley Scott, Jordan Scott,
Stefano Veneruso, John Woo, Mehdi Charef e Emir Kusturica.

Tonucci, Francesco, “Olhos de Criança”.
Revista Gol (número 96 – março de 2010), Vamos  brincar de quê? (Por Filipe Marcel).
Parâmetros Curriculares Nacionais volume II.

Autora: Claudia Letícia Azambuja Rocha *
Graduanda do Curso de Licenciatura em Pedagogia a Distância.

domingo, 17 de abril de 2011

BRINCANDO É QUE SE APRENDE


    1. Resumo
Este texto procura pontuar alguns aspectos importantes na relação do brincar com a educação infantil. Destaca a sua importância para o desenvolvimento da criança nesta faixa etária, assim como o papel do educador neste processo, o mediador, que irá favorecer estes momentos e espaços para a criança. Para isso baseou-se em experiências observadas e vivenciadas em um grupo de educação infantil, assim como em leituras teóricas e subsídios como o documentário Crianças Invisíveis, buscando relacionar e significar na prática esta ligação da criança com o brincar.
 Palavras chave: Brincar, brincadeiras, criança, educador, desenvolvimento, aprendizagem.

2. Introdução
Este trabalho nasceu da necessidade que temos, enquanto educadores, de valorizar o ato de brincar como a atividade mais importante de nossas crianças. Muitas vezes por parecer tão óbvio acaba se tornando trivial e passa despercebido. Neste sentido o texto procura intensificar o valor do brincar, mostrando que as brincadeiras em suas diferentes formas fazem parte da vida desde que nascemos e que contribuem significantemente no desenvolvimento integral e na aprendizagem da criança, e que nosso papel neste processo é de extrema importância.
Na intenção de aproximar realidade e teoria foram feitas comparações com situações cotidianas, buscando referências relacionadas ao espaço, tempo e organização do brincar na escola infantil. Além de bases teóricas e textos relacionados ao assunto.

3. O brincar e o desenvolvimento integral da criança
 Este tema é de extrema importância, já que criança aprende brincando. Porém muitas vezes esquecemos o verdadeiro significado do brincar, o valor que deve ser dado a este momento, a forma como nós professores podemos encaminhar a brincadeira em nossa rotina. Estas questões nos fazem refletir sobre o quanto sabemos e o quanto ainda precisamos buscar sobre este tema.
            Para criança brincar é uma atividade fundamental, através do brinquedo ela desenvolve aspectos importantes como sua identidade e autonomia. Enquanto brinca ela aprimora sua capacidade de socialização interagindo e experimentando regras e papéis sociais, além de desenvolver sua atenção e imaginação. O faz de conta tem um papel relevante nas brincadeiras, pois é neste momento que a criança exterioriza situações, imita ações dos adultos, realiza seus desejos, faz inversões de papéis (bom/mal, feio/bonito, prazer/desprazer). Com um olhar atento podemos perceber muito de nosso aluno nestes momentos.
            Segundo Vigotsky a criança se apropria do mundo real por meio do brinquedo, ele permite que ela domine conhecimentos, se relacione e se integre culturalmente. Desta forma, enquanto brinca ela elabora e resolve situações conflitantes que vivencia no seu dia a dia, utilizando a observação, imitação e imaginação a criança aprende a lidar com normas e regras sociais, desenvolve sua linguagem e vai adquirindo melhor compreensão de si e do outro.
            Brincando a criança faz descobertas, amplia seus conhecimentos e habilidades cognitivas, motores, lingüísticos. Desenvolve-se plenamente, expressa emoções e interage com o mundo. Para isso é preciso que se ofereça um ambiente que oportunize estas interações de forma prazerosa e significativa.
            No documentário Crianças Invisíveis podemos perceber claramente esta relação da criança com o brinquedo, mesmo quando não podiam brincar por estarem em território de guerra, encontravam uma forma de conservar pelo menos a lembrança de suas brincadeiras escondendo brinquedos como estilingue, ou brincando de roda, assim como imaginando situações que sonhavam ou idealizavam, como o simples fato de freqüentar a escola. Além disto, também fica visível no filme que, independente de classe social ou etnia o brincar será sempre um ato natural da criança, espaço para manifestar suas emoções e sua visão de mundo.
            Percorrendo diferentes locais percebe-se que as brincadeiras são semelhantes, apenas ganham um toque especial de cada cultura, as cantigas de roda e a musicalidade embalam a maioria das brincadeiras, assim como a corda, o balanço, as bonecas, o jogo de bolas e até o mais atual dos brinquedos, o vídeo game tem espaço garantido entre as preferências mundo a fora.
            O documentário permite-nos perceber que as crianças com as quais iremos trabalhar são humanas e reais, com problemas, dificuldades sociais, afetivas, e que muitas vezes encontram no brinquedo sua única forma de fugir da vida dura e sofrida. E é este seu espaço para ludicidade, criatividade, onde até mesmo sua sombra pode tornar-se o melhor brinquedo do mundo. Além de nos propor uma viagem ao nosso "eu criança", o resgate da criança que temos dentro de cada um, o que nos fará também educadores mais humanos, sensíveis e atentos às necessidades de nossos alunos.
            Embora saibamos que trabalhamos com crianças reais, muitas vezes acabamos colocando apenas o nosso olhar sobre elas, sobre suas brincadeiras. Nesta posição deixamos de atender a maioria de suas expectativas em relação à escola; criando frustrações, ignorando como realmente vêem e percebem o mundo, sua bagagem e suas vivências, tornando o ambiente da sala de aula pouco interessante.
“Temos uma imagem empobrecida da criança... a reduzimos a um par de olhos, uma mão que pega... Através disso há um sujeito cognacente, alguém que pensa que constrói interpretações, que age sobre o real para fazê-lo seu”. (Ferreiro)
Se tentássemos, nos colocar por alguns segundos no lugar de cada uma, quem sabe entenderíamos um pouco mais sobre elas, se tivéssemos um olhar mais intencional em suas brincadeiras, também descobriríamos mais do que são, do que sentem, do que vivem em casa, na família, no seu dia a dia. O que nos oportunizaria um trabalho com um olhar voltado realmente para suas necessidades e expectativas.

4. O papel do educador
            Tornar as brincadeiras significativas para as crianças, mediar estes momentos de forma positiva, buscar alternativas que integrem realmente o brincar a aprendizagem, são objetivos aparentemente triviais e rotineiros. Na verdade estes são desafios que os educadores precisam vencer a cada dia, e a busca de fundamentação teórica, experiências práticas, vivências diárias serão fundamentais neste processo.
            O papel do professor é criar condições para que as crianças brinquem incentivar e propor o que se fará para que a brincadeira tenha início, organizar a sala com brinquedos estimulando o início de uma brincadeira, mas dando liberdade para que a criança mude o rumo da mesma conforme seu interesse e necessidade naquele momento.
                                                                                                                                      
5. Um espaço para brincar
           Tenho percebido em minhas observações e principalmente em minha prática docente a enorme dificuldade que se tem em organizar um espaço que dê conta das brincadeiras de maneira plena, ou que pelo menos se aproxime de um ambiente rico em possibilidades para que a criança possa experimentar organizar-se, criar e recriar.  As instituições dispõem de pouco espaço físico e o educador muitas vezes tem dificuldades para adaptar o mesmo, buscar alternativas.
            Na instituição pesquisada procura-se dar o maior espaço possível para o brincar, para o lúdico. São realizadas brincadeiras de roda, cantadas, de movimentos, imitações, dramatizações. No pátio as brincadeiras são mais livres, com motos e pracinha. A professora entende o brincar como uma das principais atividades das crianças, mas admite a dificuldade em proporcionar os momentos de brincadeiras. Entende que elas aprendem brincando e que isto não se separa desta forma procura elaborar seu planejamento com brincadeiras, muita música e histórias, que são coisas que muito interessam a sua turma.
            Talvez se abríssemos nossa sala para as brincadeiras mais simples, como, corrida do saco, trava línguas, parlendas, tornaríamos o espaço mais rico mesmo que pequeno fisicamente. Quem sabe aquele carrinho de sucata, bola de meia. Rolar na grama, pega-pega, esconde-esconde podem fazer a festa de todos, alunos e professores, na praça do outro lado da rua. Isto mesmo, todos. Brincar junto é o primeiro passo, convidar para brincar, sugerir brincadeiras. Claro que não o tempo todo, as crianças também precisam de privacidade, liberdade para brincar sem o olhar vigilante do educador, que deve garantir a segurança e o direito a livre manifestação de todos.
            Precisamos resgatar o brincar por brincar, o espaço do lúdico, do faz de conta.  Para isso é preciso um ambiente seguro, pensado para a criança, que lhe ofereça possibilidades de criar, brincar em grupo ou sozinha. Espaços como cantos de fantasias, bonecas, carrinhos, onde eles possam trabalhar todos os aspectos da imaginação, socialização, afetividade, expressar emoções, reviver situações. Segundo Dornelles o prazer do brincar está no olhar, curtir, tocar, experimentar, o que faz parte da criança, da descoberta na infância e da construção de novos sujeitos-crianças.                              


6. Tipos de brincadeiras
           Brincando a criança trabalha com vários aspectos de seu desenvolvimento. Por isso todas as formas de brincar são importantes e devem fazer parte de seu cotidiano.
Algumas questões estão diretamente relacionadas com este ato de brincar, como por exemplo, o desenvolvimento da fala, autonomia e identidade, exploração dos movimentos corporais, através das brincadeiras cantadas e de rodas, o conhecimento de si e do mundo, que acontece a todo o momento em que as crianças desafiam seus limites, ampliando ao brincar, seus movimentos, sua coordenação e motricidade. Nas atividades plásticas, de desenhos, pinturas, massinha de modelar, onde a criança, de forma lúdica, além de trabalhar sua motricidade utiliza e explora sua imaginação.

O brincar apresenta-se por meio de várias categorias de experiências que são diferenciadas pelo uso do material ou dos recursos predominantemente implicados. Essas categorias incluem: o movimento e as mudanças de percepção resultantes essencialmente da mobilidade física das crianças; a relação com os objetos e suas propriedades físicas assim como a combinação e associação entre eles; a linguagem oral e gestual que oferecem vários níveis de organização a serem utilizados para brincar; os conteúdos sociais, como papéis, situações, valores e atitudes que se referem à forma como o universo social se constrói; e finalmente, os limites definidos pelas regras, constituindo-se em um recurso fundamental para brincar. (Referencial Curricular Nacional Para Educação Infantil, vol.1, p.28).                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                             

A mediação do educador nestes momentos torna-se indispensável como um motivador atento, que estimula, instiga a criança, problematiza e provoca questionamentos. Como um mediador e estruturador, organizando objetos, espaços e tempos para as brincadeiras. Valorizar as brincadeiras é possibilitar um processo pleno de ensino-aprendizagem.

7. Conclusão
            O ato de brincar deve ser cada vez mais valorizado. É através dele que a criança trabalha seus medos, imita os adultos, cria situações e aprende a lidar com elas, faz de conta, trabalha suas habilidades motoras, estimula sua criatividade. Brincando ela interage, explora, investiga, conhece, percebe o mundo que a rodeia e participa socialmente do mesmo. Desta forma o educador tem um papel fundamental, o de facilitador deste processo. É dele a iniciativa de organização do espaço, de observação atenta, não no sentido de vigilância e sim como um mediador, que estimula a criança, cria e oferece possibilidades para que ela crie, tornando este brincar um momento significativo e prazeroso da aprendizagem.
            Na educação infantil tem-se o privilégio de aprender brincando, e brincando a criança está estimulando e avançando em todos os aspectos de seu desenvolvimento.       
                   
                       
8. Referências

CRAYDI, Carmem (org.). O educador de todos os dias: convivendo com crianças de 0 a 6 anos. Porto Alegre: Mediação, 1998.

CRIANÇAS INVISÍVEIS. Itália, 2005.

FERREIRO, EMÍLIA. Reflexões sobre alfabetização, São Paulo, Cortez. 1992.

JUNQUEIRA, GABRIEL DE ANDRADE. Interdisciplinaridade na pré-escola: anotações de um educador “on the road”. São Paulo. Pioneira Thomson Learning, 2003.

MOÇO, Anderson. Quanta coisa eles aprendem. Nova Escola, edição nº231, p. 42-50, abril/2010.


REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA EDUCAÇÃO INFANTIL. Ministério da educação e do desporto, Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998. Volumes1/3.

TONUCCI, Francesco. Com olhos de criança, Artmed, 2003.

VIGOTSKY, L.S. A formação social da mente, São Paulo: Livraria Martins Fontes, 1998.


Autora: Gisele Aparecida do Amaral *
*Graduanda do Curso de Licenciatura em Pedagogia a Distância da Universidade Federal de Pelotas.