RESUMO
Este
relatório traz a experiência na prática docente I, relacionando com o lúdico na
aprendizagem das crianças em educação infantil, com o objetivo de relatar o que
foi realizado durante o estágio, as experiências vividas, o que deu certo, o
que mudaria, na Escola Municipal de Educação Infantil Recanto do Saber, na
Educação Infantil, com a turma de Berçário II, com crianças de 1 à 2 anos de
idade, mostrando o que foi trabalhado com as histórias infantis. O lúdico é um
processo educativo que desperta a imaginação, a fantasia, a criança aprende a
conviver melhor com os colegas, constrói novos conhecimentos através de
brincadeiras e jogos e aceita a existência de outras crianças dentro da sala,
percebendo que ela não é a única, com isso estabelece relações sociais com os
outros.
Palavras-chave: Lúdico – Educação Infantil
– Estágio.
APRESENTAÇÃO
Este relatório traz as experiências vividas no estágio de educação
infantil, relacionando com o lúdico na educação infantil, o que aconteceu, o
que deu certo, o que mudaria, as histórias infantis trabalhadas no estágio, as
atividades diferenciadas como um meio de trabalhar a forma lúdica na
aprendizagem. O lúdico é a maneira que a criança aprende brincando,
principalmente na infância, pois envolve, faz refletir e descobrir o mundo que
a cerca. Através de tópicos, será apontado o que é importante nesta etapa de
ensino, o processo de ensino, a aprendizagem dos alunos e o trabalho docente
que ocorreram durante o estágio.
DESENVOLVIMENTO
1-
Etapa de ensino
O estágio foi realizado na educação infantil, é caracterizada pela
entrada da criança no ensino que ainda não é obrigatório, crianças de zero a 5
anos e 11 meses de idade. Nessa etapa de ensino as crianças são estimuladas
através do lúdico, com atividades lúdicas, jogos e brincadeiras que despertam o interesse, a capacidade de
conviver em grupo através da socialização com os colegas, fazem novas
descobertas e iniciam o processo de alfabetização de uma maneira mais
divertida, onde eles aprendem brincando.
“Legislação: No Brasil considera-se como educação infantil 5 o período de
vida escolar em que se atende, pedagogicamente, crianças com idade entre 0 e 5
anos e 11 meses. A Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional chama o
equipamento educacional que atende crianças de 0 a 3 anos de "creche". O equipamento educacional que
atende crianças de 4 a 6 anos se chama "pré-escola". Na
educação infantil a avaliação far-se-á mediante acompanhamento a registro do
seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino
fundamental.”
A avaliação é feita como um acompanhamento da aprendizagem das crianças,
através de pareceres, onde o professor relata o que a criança aprendeu, o que
tem dificuldade, enfim como está o processo de ensino do aluno.
O currículo tem uma carga horária de 800 horas anuais e 200 dias
letivos, o professor deve ter formação em magistério para que possam cuidar e
educar as crianças.
Na escolinha que fiz o estágio, os professores são concursados e possuem
curso superior em Pedagogia, a maioria formados pela Ufpel/ead.
Os espaços da escolinha são bem amplos, as salas grandes e bem arejadas,
pátio com pracinha para as crianças maiores e pátio ao lado da sala para todas
as turmas, o refeitório é em uma área coberta, tem sala de vídeo, biblioteca,
sala dos professores, sala da direção, secretaria, enfim a estrutura da escola
é muito boa. O ambiente é bem acolhedor, tanto para as crianças quanto para os
funcionários. Tudo é planejado de acordo com a faixa etária das crianças, as
salas são diferentes, para melhor atender os pequenos.
O tempo de cada criança é diferente, o professor tem que respeitar e
ajudar, mas sem interferir no tempo de cada um, tem que ser muito paciente e
auxiliar a criança. Na educação infantil, a interação, a troca de experiência e
o estímulo do professor são fundamentais para o desenvolvimento e a formação
como ser humano da criança. Muitas vezes é nessa fase que surgem traumas de
infância que refletem na vida adulta e acabam atrapalhando muitas vezes na hora
de conseguir um emprego, pois essa pessoa não teve uma boa interação com os
colegas, houve falta de estímulo, por isso temos que tomar cuidado para não
expor a criança e deixá-la realizar a atividade como consegue. No estágio
propomos várias atividades diferenciadas, uma que chamou a atenção foi o
quebra- cabeça dos porquinhos, pois alguns conseguiam montar e outros trocavam
tudo, mas era a maneira deles, tivemos que respeitar e tentar mostrar como era,
mas teve uma que não aceitou, aquele que ela fez que estava certo.
“O desenvolvimento resulta de combinações entre aquilo que o organismo
traz e as circunstâncias oferecidas pelo meio.(PIAGET apud KRAMER, 2000, p.
29)”
Conforme Maria Barbosa e Maria Horn (2001), é
necessário que haja uma sequência de atividades diárias que sejam pensadas a
partir da realidade da turma e da necessidade de cada aluno. Neste momento, é
essencial que haja a sensibilidade do Educador para entender a criança como sujeito
ativo, reconhecendo as suas singularidades, considerando não somente o contexto
sociocultural deste aluno como também o da instituição.
“Para dispor de tais atividades no tempo é fundamental organizá-las
dentro tendo presentes as necessidades biológicas das crianças como as
relacionadas ao repouso, à alimentação, à higiene, e à sua faixa etária; as
necessidades psicológicas que se referem às diferenças individuais como, por
exemplo, o tempo e o ritmo que cada uma necessita para realizar as tarefas propostas;
as necessidades sociais e históricas que dizem respeito à cultura e ao estilo
de vida, como as comemorações significativas para a comunidade onde se insere a
escola e também as formas de organização institucional da escola infantil.
(BARBOSA, HORN, 2001, p. 68)”
A turma é composta por pessoas diferentes, o
histórico de vida, as necessidades biológicas, psicológicas, sociais e
históricas de cada criança, por isso devemos pensar em atividades diversas, as
quais deverão envolver as crianças e assim estimular a partir do dia-a-dia o
desenvolvimento de uma série de habilidades. A organização do tempo é realizado
através da rotina, onde planejamos os momentos de cada atividade que iremos
realizar com as crianças.
A escola tem vários materiais disponíveis para
serem utilizados e quando falta algo a diretora compra e entrega aos
professores, o acesso é livre aos materiais.
O planejamento da professora é através de temáticas e as atividades de acordo
com a faixa etária dos alunos, porém ela utiliza muitas folhinhas e poucas
atividades lúdicas. O nosso planejamento foi através das histórias infantis,
onde utilizamos atividades lúdicas, jogos e brincadeiras que envolviam o tema.
A turma tem uma rotina um pouco parada demais, na
chegada eles ficam olhando dvd até a hora do mama, então nos fazíamos a
caixinha musical durante este tempo para não ficarem tão parados. Depois do
mama eles fazem uma atividade, então nós contávamos a historinha(não todos os
dias), depois realizávamos a atividade, jogos ou brincadeiras, depois eles
tinham a hora da frutinha e depois da frutinha hora de brincar no pátio ou na
sala com brinquedos livres e então fazíamos algumas brincadeiras, logo após do
pátio era a hora do almoço, onde ajudávamos eles a comerem e depois hora do
soninho, entre intervalos das atividades tinham momentos para brincar
livremente.
O papel do professor é muito importante, em todas
as etapas de ensino, pois ele além de educar e ser mediador, deve se
comprometer com a escola, família, colegas de trabalho e principalmente o
aluno. O professor é o responsável pela formação do aluno enquanto está na
escola e essa formação que recebe tem influência na sua vida social, no
convívio em sociedade, então nós enquanto educadores temos que pensar no
fazemos e como agimos para que nossos atos não tenham influências negativas na
vida das pessoas, devemos ser responsáveis e dedicados para ensinar nossos
alunos.
2-
Processo de ensino
O estágio de educação infantil foi de novos conhecimentos e desafios,
pois um desafio é que estou grávida e fiz o estágio em uma escolinha que não é
na cidade onde moro, então tinha que ir todos os dias cedo para Arroio dos
Ratos. O estágio foi realizado em uma turma de berçário II, com crianças de 1 a
2 anos de idade, a turma é agitada e grande para o número de pessoas na sala,
então tínhamos que realizar tudo nos horários para não atrasar a rotina, mas
conseguimos tranquilamente. Nosso planejamento foi sobre histórias infantis,
onde trabalhamos: “os três porquinhos”, “branca de neve” e a “galinha ruiva”, onde
cada dia trabalhávamos atividades diferentes. As atividades que mais deram
certo foram as mais lúdicas, passear pela floresta com a capa da chapeuzinho
vermelho, construir o ninho da galinha ruiva com ovos de argila, construir a
casa dos porquinhos de tijolos, caminhar no trilho da floresta enfrentando os
obstáculos, a cesta de frutas da chapeuzinho e fazer um bolo de milho. As
atividades que não deram muito certo e foram muito rápidas foram o jogo da
memória dos pares de animais e o quebra- cabeça dos porquinhos, com essas
atividades podemos perceber que eles não gostam muito de atividades mais
paradas, eles preferem as mais envolventes. Nosso papel foi tentar apresentar
as crianças as histórias infantis, mas de maneira mais criativa e lúdica,
envolvendo eles no mundo da história e acredito que conseguimos alcançar nossos
objetivos. Quando surgiam imprevistos tentávamos contornar, propondo novos
atividades, brincadeiras e jogos que envolvessem eles, para não ficarem sem
fazer nada ou dispersos pela sala, por isso utilizamos a caixa musical, com
figuras para cantar musiquinhas, brincadeiras como atirei o pau no gato, a
canoa virou e outras rodas cantadas. A cada atividade realizada era possível
perceber que cada criança tem seu tempo e jeito para resolver, como no quebra-
cabeça onde uma menina montava trocado mas dizia que estava certo, então
tentamos mostrar para ela, mas ela disse que era assim e realmente ela conhecia
só que montava do seu jeito. A cesta de frutas, onde eles conheciam e
reconheciam as frutas e cada um dizia algo sobre a fruta, que nós não tínhamos
proposto; o bolo de milho que cada um colocava um ingrediente, eles diziam para
que servia o ingrediente sem nós pedirmos, enfim cada atividade era uma nova
descoberta, tanto para eles quanto para nós. A atividade de montar a casa do
porquinho com palito de picolé, que acabamos mudando a pintura, pois eles
mesmos pediram e vimos que ficaria melhor. Acredito que todas os pontos do
planejamento foram atendidos, não ficando nada para trás. Cada criança, com seu
jeito de ser nos mostrava novos conhecimentos, as vezes coisas que parecem ser
bobas, mas não são. A turma está em fases de mudanças, então nesses dias de
estágio podemos perceber, um deixou as fraldas, outro que não falava começou a
falar, outra que estava em adaptação quando entramos já não chorava mais e
participava de tudo, enfim pequenos detalhes que foram marcantes e que fazem
diferença para nós enquanto educadores. Quando começamos as observações parecia
que eles não iriam nos aceitar, mas com o passar dos dias eles foram se
acostumando com nós e nós com eles, o carinho foi crescendo, o respeito e com
isso nos conquistaram que quando acabou o estágio foi difícil dar tchau, mas
faz parte. A cada dia era possível perceber a evolução deles na realização das
atividades, uns no início não queriam fazer e no final já pediam, é muito
gratificante. A maneira lúdica de ensinar facilita a aprendizagem e desperta o
interesse de aprender dos alunos.
3-
Aprendizagem dos alunos
As crianças foram evoluindo a cada dia, no início tinha uns que não
queriam realizar as atividades que propomos, mas depois com o passar dos dias
se interessaram e já pediam, isso mostra que fizemos a diferença, no início
quando falávamos em fazer a atividade eles já iam sentando nas cadeirinhas para
fazer folhinha e quando começamos a mostrar que não seriam folhinhas não
aceitaram no início, ai explicamos o que era e como seria e eles começaram a
participar e gostaram, mas nos primeiros dias não queriam, pois queriam pintar,
mas fomos conquistando eles aos poucos e no final quando falamos em atividades
eles ficavam olhando e procurando o que seria. No dia que fizemos o boliche foi
muito legal, pois pensamos em organizar as garrafas e eles jogarem a bola, mas
no decorrer da atividade um pegou uma garrafa para derrubar as outras, outro
pegou a garrafa que tinha pedacinhos de eva dentro e água para tomar, então
percebemos que aquela simples garrafa tinha vários significados para eles e
cada um pensava uma maneira para explorar aquele jogo. Quanto ao ritmo, alguns
eram mais ativos e rápidos que os outros, até por já terem dois anos, então era
mais fácil para eles e os menores tinham mais dificuldade, mas conseguimos
ajudar a todos, mostrando que devemos esperar e respeitar cada um. As crianças
mais novas estão na idade certa da turma, os que já tem dois anos vão passar
para a outra turma, então essa diferença de idade dificultava um pouco nosso
trabalho, pois os mais velhos terminavam primeiro e começavam a atrapalhar os
menores, mas acredito que mesmo com isso a aprendizagem não foi prejudicada,
pois tudo o que propomos todos participavam, cada um da sua maneira, mas
conseguiam fazer tudo, então o que tentamos passar para eles, acredito que foi
passado. A aprendizagem ocorreu em diferentes tempos, pois cada um tem seu
tempo, uns aprendiam mais rápido que os outros, mas acho que todos conseguiram
aprender alguma coisa de tudo que trabalhamos com eles, pois além das
historinhas trabalhamos valores como: respeito, generosidade, ajuda ao próximo,
obediência e honestidade, foi bem legal, pois as histórias tinham uma moral e
então trabalhamos com eles.
4-
Trabalho docente
O professor deve ter pleno domínio dos conteúdos que vai trabalhar com
seus alunos, pois é conhecendo bem o que vamos ensinar que passamos
conhecimentos com qualidade para nossos alunos. O planejamento é a melhor
maneira de organizar o que pretendemos ensinar e quais atividades vamos propor,
de acordo com nossos objetivos, dentro de uma organização que não vamos nos
perder ou chegar na aula e não saber o que trabalhar no dia. A sala de aula
pode ser organizada de maneira a facilitar o trabalho do professor e pode ser
de acordo com a temática que ele vai trabalhar, mas uma sala organizada
facilita o trabalho do professor. O professor deve conhecer a realidade da
turma para desenvolver um melhor trabalho, não é possível chegar numa escola de
periferia onde o acesso é difícil e querer falar em tecnologias e assuntos que
não fazem parte da realidade daquela escola, o professor deve conhecer a
realidade da comunidade onde a escola está inserida, conhecer a escola e saber
quais as potencialidades e os limites que a escola enfrenta, se houver esse
conhecimento ele trabalhará temáticas que envolvam aqueles alunos para a
realidade em que vivem, mostrando novos conhecimentos, mas respeitando o meio
em que vivem e se isso for feito de maneira mais lúdica, utilizando jogos e
brincadeiras ficará mais fácil ensinar e fazer com que a aprendizagem realmente
aconteça.
CONCLUSÃO
Durante o estágio foram abordados os valores, que
acredito que vão fazer diferença na turma, pois eles brigavam muito e começamos
a falar sobre valores com eles e melhorou o relacionamento entre eles,
aprenderam a dividir mais os brinquedos e a esperar a vez para brincar ou jogar.
As historinhas trabalhadas foram bem aceitas por eles e as atividades mais
lúdicas fizeram a diferença, pois no início só queriam folhinhas e não queriam
realizar as atividades diferentes. Quando falávamos em fazer atividade, já iam
sentando para pintar a folhinha, então começamos a explicar que não era
folhinha, que era diferente, no início não gostaram muito, mas depois foram se
adaptando e no final já ficavam procurando ou nos observando para ver o que
seria a atividade, então percebi que trabalhar o lúdico faz diferença e que
enquanto eles estão brincando ou jogando
estão aprendendo. A educação infantil é
a etapa do brincar, então quando propomos atividades que envolvam jogos ou
brincadeiras eles demonstram mais interesse e acabam aprendendo mais rápido do
que as folhinhas. Aprendi nesse estágio que o lúdico deve existir em todas as
etapas de ensino, mas principalmente na educação infantil, que é a fase de
descobertas e do brincar, espero levar isso para minha vida enquanto
profissional da educação, pois tive uma nova visão, quando observava a turma
percebi que eles não gostavam muito das folhinhas, mas como era aquilo que
tinham que fazer então faziam e quando apresentamos atividades mais lúdicas
tiveram uma certa resistência, mas ao final gostaram e queriam mais. Isso me
fez ter uma nova visão, podemos trabalhar folhinhas, mas não diariamente, pois
cai na rotina, não desperta interesse, então quero que enquanto professora não
repetir esses “erros” que vi e tentar tornar minhas aulas mais lúdicas e dinâmicas,
despertando o interesse dos alunos e melhorando a aprendizagem.
“Emergindo
como um corpo consistente de conhecimentos historicamente construído, a
pedagogia revela-se capaz de articular num conjunto coerente as várias
abordagens sobre a educação, tomando como ponto de partida e ponto de chegada a
própria prática educativa. De um curso assim estruturado se espera que irá
formar pedagogos com uma aguda consciência da realidade onde vão atuar, com uma
adequada fundamentação teórica que lhes permitirá uma ação coerente e com uma
satisfação instrumentação técnica que lhes possibilitará uma ação eficaz
(SAVIANI, 2008, p.152).”
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, Maria Carmem
Silveira; HORN, Maria da Graça Souza. Organização
do Espaço e do Tempo na Escola Infantil. In.: CRAIDY, Maria; KAERCHER, Gládis Elise P. da Silva. Educação
infantil: pra que te quero?– Porto Alegre: Artmed Editora, 2001, p. 67-79.
Autora: Taise Bonacheski Lopes
Graduanda do Curso em Licenciatura em Pedagogia a Distância pela Universidade Federal de Pelotas-UFPel.