sábado, 13 de agosto de 2011

Formação de formadores

A formação do profissional em educação infantil é importantíssima, visto que é o
primeiro profissional com o qual as crianças tem contato na escola.
O professor deve ter, acima de tudo, um comprometimento com a função de
educador, devendo estar atento aos seus alunos, ser imparcial e desenvolver um
trabalho de pesquisa, colocando em prática a troca de saberes, aproximando
realidades, proporcionando a interação, trabalhando a transformação através do
diálogo.

A “Formação Profissional em educação infantil", nos faz refletir sobre alguns
questionamentos: Como deve ser este profissional? O que deve fazer com a
diversidade que encontrará a cada ano letivo? Como adequar um sistema antigo ao
desejo de transformação?
As respostas surgirão ao longo da caminhada, e, o profissional, que passa de formado
à formador, têm subsídios para desenvolver um trabalho qualificado, com objetivo de
formar cidadãos preparados para o mundo.
Buscamos no “Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil” (do
Ministério da Educação e do Desporto, 1998-volume 1) , conhecer a proposta legal de
como deve ser um profissional da área de educação e também das instituições que
desenvolvem este trabalho, tendo em vista a melhoria da educação, servindo este de
guia/reflexão ao profissionais da área que trabalham com crianças de 0 a 6 anos.
Aborda a CRIANÇA, em suas diversidades, comunidades e, vivências, tendo a
pesquisa e observação extrema importância para o desenvolvimento destas crianças,
pois trazem consigo o referencial: família.

O que vivenciam em seu cotidiano, seja de qualquer natureza, será trazido para
o ambiente escolar de forma simples e natural, tendo o professor que desenvolver
meios que visem integrar a diversidade, auxiliando a superação das dificuldades.
Em relação a estas crianças, há objetivos concretos, como: EDUCAR, sendo o
professor aquele que contribui para o desenvolvimento, possibilita a interação com osdiversos sujeitos, promove o conhecimento de outras realidades e culturas, além de
estimular o senso crítico.
CUIDAR: é entender como podemos ajudá-las em suas dificuldades, necessidades e
potencialidades; pesquisar seu entorno para focar em suas necessidades básicas e
desenvolver um vínculo de apoio e atenção;
BRINCAR: As crianças tendem a se expressarem através de brincadeiras; pensam e
recriam tudo aquilo que lhes chama a atenção: movimentos, relação (afetiva/com
objetos) e linguagem.
As brincadeiras podem ser de faz-de-conta, materiais de construção e
brincadeiras com regras. Esta atividade do 'brincar' propicia ao professor um
entendimento melhor do que cada um pensa e como se realciona com o todo. O
objetivo do professor é através do lúdico observar o comportamento e desenvolvimento
das crianças,e, logo fazer uma sistematização destes dados afim de desenvolver um
trabalho de construção da aprendizagem coletiva uniformemente;
Há atividades ‘orientadas’, que tem a participação mais ativa do professor, que
auxilia as crianças na construção do conhecimento, da interação com colegas/escola,
na troca de vivências, como lidam com problemas, desafios e soluções, trabalho de
equipe, o que podem contribuirem para o desenvolvimento do grupo, mas para isso o
professor deve conhecer as crianças com as quais está trabalhando;
A criança deve trocar, construir conhecimentos junto com os colegas. Neste
ponto, é importante que diferentes realidades se encontrem, dificuldades sejam
confrontadas e auxiliadas.

O profissional da área de educação deverá reunir cuidados e conhecimento para
atuar nesta área. Ser um pesquisador informal, conhecer o entorno da escola, ter
respeito aos sujeitos e promover a interação através da sistematização das vivências e
realidade das crianças e comunidade a qual pertencem.
O professor comprometido com os objetivos da educação: educar e cuidar, de
forma conjunta com as famílias, torna a construção do conhecimento em uma
aprendizagem contínua e interativa no ambiente escolar.
Desta forma, escola e família devem ter os mesmos objetivos, no documentário¹
"Crianças Invisíveis", podemos observar o não-comprometimento da família com
relação a educação das crianças, que de 'reais' passam a 'invisíveis'.

Vimos que na diversidade de povos, raças, paises, a indiferença em relação a
criança ainda é fator predominante.
Crianças tornam-se “Invisíveis” porque não são vistas como crianças, e, sim,
como mão-de-obra, delinqüentes, sobreviventes...
Tais situações, trazidas a prática pedagógica nos fazem refletir sobre a
importância da sistematização das realidades encontradas, pesquisa de entorno e
vivências, para que se possa desenvolver a maneira mais adequada para atender a
estas dificuldades e necessidades das crianças quando chegam ao ambiente escolar.
O profissional deverá estabelecer uma relação de cumplicidade com estas
crianças afim de conquistar a confiança e poder desenvolver um trabalho de
socialização (dentro do possível) e interação.
As crianças sempre serão reais e não ideais, pois encontramos filhos de
guerra/tráfico, de aliciadores, de drogados, de preconceito, de sobrevivência, de
trabalhadores que não conseguem ‘ver’ suas crianças, de descontrole emocional da
família, de amor e respeito logo deparam-se com a realidade amarga de estar só.
Enfim, crianças de realidades diferentes, mas que acabam se entrelaçando.
Realidade daquilo que não queremos ver; a criança que sai para buscar alguns
trocados, que sonha, que se diverte com o que têm, que comem quando e o que
podem, que são carinhosos, que são honestos, que são preparados para a vida da
sobrevivência, sem pensar muito no amanhã, mas que sonham.

A realidade do sul do Brasil, não se diferencia de outras. A diversidade dos
problemas se repetem, e, por muitas vezes, a criança passa “invisível” pela sociedade,
pela escola que não tem um plano que atenda a estes problemas de forma a auxiliar e
tornar estas crianças reais em visíveis para sociedade.

Na maioria das vezes, “invisíveis”, são nossos conceitos de crianças saudáveis,
com hábitos de higiene e alimentação, de família estruturada, que interage com a
sociedade, que têm pais participativos no processo de aprendizagem, crianças ‘ideais”,porém quando chegam à escola conhecemos a criança real, com a qual devemos
desenvolver uma trabalho de cuidados e educação.
Através da imaginação e criatividade, as crianças reproduzem em suas
brincadeiras a realidade que conhecem, não importando classe social, origem, raça,
crença,..., são uniformes quando tentam reproduzir no sorriso da brincadeira, aquilo que
vivenciam em seu cotidiano.

Há também as brincadeiras de 'menino', tais como: estilingue, futebol, carrinho,
futebol de botão, espadas, luta,... as de 'menina': roda/ciranda, boneca, bambolê,...,
mas também as que são comum a 'todos': esconder, desenho nas sombras, parque, e,
todas estas brincadeiras passam de geração para geração. Mas quem ensina a estas
crianças estas brincadeiras, antigas, se passam 'invisíveis' por suas famílias? Na
observação que fazem do mundo a sua volta?!
Crianças observam tudo, conceituam, constroem e destroem, tem a percepção
aguçada e costumam a relacionarem-se com seus brinquedos, de acordo com suas
vivências.
Observamos neste documentário (Crianças Invisíveis), um menino
chamado Tanza, que visualiza, através dos brinquedos, a destruição da guerra, que
permanece em sua memória, mas que nunca fará com que a infância existente dentro
de si, se perca.
O profissional da área de educação deverá estar atento a diversidade da turma,
do entorno da escola, dos conteúdos e maneira mais adequada para incorporá-los ao
cotidiano destas crianças.
O educador tem o dever de educar e cuidar, e não podemos formar
cidadãos ...'para desenvolverem apenas o instinto tartaruga.', como diz Frederico
Nietzsche², tecendo uma crítica à civilização ocidental quanto a educação. É preciso
mais, auxiliar no desenvolvimento destas crianças como seres humanos, através da
pesquisa, do diálogo informal, brincadeiras, e , aprendizagem colaborativa para assim,
formarmos cidadãos conscientes de seus papéis na sociedade.


¹documentário italiano, ano 2005, escrito por oito diretores consagrados de diferentes nacionalidades encomendadas pela
Unicef, retratando a dura realidade de crianças e adultos em diversas partes do mundo.
²filósofo alemão, nacionalizado suiço, crítico da cultura ocidental e suas religiões, 1844-1900



Referências bibliográficas
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO, Referencial Curricular Nacional para
a Educação Infantil, Brasília 1998, volume 1.
ALL THE INVISIBLE CHILDREN, documentário ‘Crianças Invisíveis’, drama, Itália 2005,
direção Mehdi Charef, Spike Lee, Ridley Scott, outros, à pedido Unicef.
WIKIPÉDIA, história de Frederico Nietzsche

Autora: Gitana Rodrigues*
*Graduanda do Curso de Licenciatura em Pedagogia a Distância.



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