sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Brincadeiras na Educação Infantil


Resumo: Percebendo a importância de uma educação direcionada aos pequenos, elaboramos este trabalho, tendo como foco principal as brincadeiras na Educação Infantil, o que envolve conhecimentos teóricos relevantes no processo de ensino-aprendizagem. Algumas leituras foram realizadas para nos dar subsídios para a elaboração do trabalho, que nos auxilia no entendimento da importância do ato de brincar, o papel do brinquedo e das brincadeiras (atividades lúdicas) no desenvolvimento cognitivo/emocional da criança. Neste contexto, não podemos deixar de mencionar as contribuições de Vygotsky e Piaget, que nos auxiliaram na compreensão do desenvolvimento das crianças (O papel do brinquedo no desenvolvimento, de Vygotsky e Os estágios de desenvolvimento, de Piaget).
Palavras-chave: Educação Infantilbrinquedobrincarbrincadeirasatividades lúdicasensino-aprendizagem.

Introdução
No presente trabalho, estão expostas algumas questões pertinentes no que diz respeito à fase de vida mais importante do ser humano, aquela que servirá como base forte na construção da identidade, da personalidade da criança. Estamos falando da Educação Infantil, que é a etapa que prepara a criança para todas as outras que se seguirão e, para que a passagem das crianças pela Educação Infantil seja significativa, prazerosa, divertida, é extremamente importante que haja espaço para o brinquedo, a brincadeira, o jogo, o lúdico, e que isto seja possível em todas as creches e escolas.
Através de experiências na Educação Infantil, podemos perceber a importância de uma educação direcionada aos pequenos, por esta razão optamos pela subtemática "Brincadeiras na Educação Infantil", pois, além de ser um tema gostoso de ser trabalhado, envolve muitos conhecimentos extremamente relevantes no processo de ensino-aprendizagem.
Desta forma, acreditamos que será um trabalho rico, com várias leituras importantes para entender a importância do brincar, da imaginação no desenvolvimento cognitivo e afetivo/emocional da criança, bem como atentar não só ao papel do brinquedo no desenvolvimento, como também ao papel do professor/adulto neste processo.


1. O Papel do Brinquedo no Desenvolvimento
Entendemos que o brincar é importante para o pleno desenvolvimento e aprendizagem da criança, principalmente na fase que vai dos 3 aos 6 anos de idade, onde ela irá se desenvolver nos aspectos cognitivo, psicológico, afetivo (socialização, emocional), psicomotor.
O brincar assume uma grande importância no desenvolvimento infantil, pois desenvolve as funções psicológicas superiores, possibilitando a criação da chamada ZDP (zona de desenvolvimento proximal), que permite a construção de novos saberes. Daí a relevância do ato de brincar, pois, através da brincadeira, a criança poderá construir conhecimentos, novos saberes estabelecidos pela aprendizagem escolar.
Desta forma, a brincadeira é fundamental para o desenvolvimento da criança, podendo ser entendida e utilizada como poderoso recurso na aprendizagem. O lúdico na escola favorece diferentes aprendizagens, estimula, motiva, incentiva. Aprendemos brincando e brincamos aprendendo.
No Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil, está proposta a utilização das atividades lúdicas como forma de promover a aprendizagem para que os conceitos sejam apreendidos e o estudo se torne uma atividade natural para a criança, sem ser cansativa e torturante, mas uma atividade atrativa e voltada para elas.
Segundo Vygotsky, o brinquedo não é uma atividade que dá prazer à criança, já que muitas experiências como alguns jogos (videogame, esportes), se tornam desagradáveis sempre que o resultado é negativo para a criança, gerando sentimentos de frustração, derrota e/ou incapacidade.
O brinquedo não pode ser visto apenas como uma atividade que proporciona a sensação de prazer para a criança e que preenche todas as suas necessidades. Muitos teóricos e pessoas comuns ignoram as necessidades das crianças, descrevendo o desenvolvimento da criança somente como o de suas funções intelectuais, em nível superior ou inferior, deslocando-se de um estágio a outro. Mas, ao ignorarmos as necessidades da criança, não saberemos quais são os incentivos que a colocam em ação, jamais entendendo o avanço de um estágio a outro de seu desenvolvimento. "Todo avanço está conectado com uma mudança acentuada nas motivações, tendências e incentivos" (Vygotsky, pg. 105).
O desenvolvimento da criança dependerá do interesse dela e o que interessa a um bebê, deixa de ser interessante para uma criança maior, dependendo, portanto, de seu processo de maturação.
As crianças menores são imediatistas, se não forem atendidas imediatamente ficam mal-humoradas, irritadas por não realizarem um desejo e é na idade pré-escolar que surgem os desejos que não poderão ser satisfeitos de imediato, no entanto, permanece a característica do estágio imediatista, daí a necessidade e a possibilidade de criação de um mundo imaginário, onde possam ser atendidos os seus desejos - brincadeira/brinquedo/faz de conta. A imaginação surge, assim, como um novo processo psicológico/cognitivo humano.
A imaginação pode ser entendida como o brinquedo com ou sem ação. Quando a criança não pode fazer ou ter algo, ela imagina, brinca de faz de conta, assim, no brinquedo a criança cria uma situação imaginária que satisfaça seu desejo.
O brincar/jogar com regras se inicia no fim da idade pré-escolar e será desenvolvida ao longo de todo o período escolar. O brinquedo que desenvolve uma situação imaginária pode também ser baseado em regras, podendo ser de comportamento, de acordo com a própria realidade vivida. Exemplo: Duas meninas que brincam de 'irmãs', e elas são realmente irmãs. Representam (através da imaginação, imitação, faz de conta), portanto, a própria realidade, seguindo regras de comportamento até mesmo implícitas nas relações.
"Toda situação imaginária contém regras de forma oculta, também demonstramos o contrário - que todo jogo com regras contém, de forma oculta, uma situação imaginária. O desenvolvimento a partir de jogos em que há uma situação imaginária às claras e regras ocultas para jogos com regras às claras e uma situação imaginária oculta delineia a evolução do brinquedo das crianças." (Vygotsky, pg. 109)
Além disso, devemos destacar novamente a influência do brinquedo no desenvolvimento da criança. O comportamento de uma criança muito pequena é determinado pelas condições em que a atividade ocorre.
"É no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva, ao invés de numa esfera visual externa, dependendo das motivações e tendências internas, e não dos incentivos fornecidos pelos objetos externos."
As restrições situacionais situam-se num aspecto da consciência na primeira infância: motivação e percepção integradas a uma reação motora. "A percepção estimula a ação." (Vygotsky, 2001, pg. 125)
"A brincadeira consiste no fazer, no conteúdo da própria ação." "Toda ação tem um objetivo consciente para o qual ela se dirige." (Vygotsky, 2001, pg. 125)
Vygotsky diz ainda que a ação, numa situação imaginária, ensina a dirigir o comportamento, não só pela percepção dos objetos ou pela situação que afeta, mas pelo significado da situação. Podemos dizer que na brincadeira são desenvolvidos traços da personalidade, da identidade da criança. O brinquedo /jogo/brincadeira nunca pode ser tido como atividade sem objetivo, sem propósito. "O propósito decide o jogo e justifica a atividade." (Vygotsky, 2001, pg. 125). A brincadeira altera estruturas mentais, pois criam, representam e reproduzem mais do que se vê.
Os brinquedos e jogos são necessários ao desenvolvimento e aprendizagem, assim, as brincadeiras são importantes no processo de ensino-aprendizagem, favorecendo as construções, reflexões, autonomia e a criatividade, contribuindo para a afirmação pessoal e integração do indivíduo na sociedade.
É preciso que as escolas se dêem conta da importância do brincar, dos brinquedos, das brincadeiras, dos jogos, das atividades lúdicas, trabalhando e abrindo espaços para a imaginação, o faz de conta, a representação, a imitação e, principalmente, a criação. As relações entre fantasia e realidade estabelecem conceitos, ordenam, dão  outro significado para suas experiências. A imitação acaba por permitir uma reconstrução interna do que é observado, possibilitando a superação de limites.
As situações de imitação devem sempre desencadear o processo de aprendizagem, ou seja, observar e imitar para construir. Ressaltamos, ainda, que brincadeira/recreação não é passatempo, contêm propósitos e objetivos, metas que comprovem sua razão de ser, e, o papel do professor, não é 'ficar olhando' as crianças brincarem, mas ser um mediador no processo de socialização, de interação das crianças, com as crianças e com os objetos de conhecimento e que proporcionem aprendizados.
Entendemos que conhecimento e aprendizagem estão interligados, são partes que formam a educação infantil. Vejamos algumas considerações importantes:
“O conhecimento e a aprendizagem são partes integrantes da educação infantil, as crianças pequenas associam-se aos processos de constituição, tais como: o afeto, a sexualidade, a socialização, o brincar, a linguagem, o movimento, a fantasia e o imaginário. O conhecimento psicológico deixa uma referência para intervenção pedagógica e, expande sua perspectiva, proporcionando uma abordagem dos processos de desenvolvimento humano a partir da relação com a sociedade e a cultura.” (ROCHA, 1999, pg. 62).
Assim, compreendemos o que o autor nos diz, na medida em que a criança deve desenvolver-se em todos os sentidos, a fim de que possa se tornar um sujeito pleno. É nesse contexto que a educação infantil torna-se importante, para que a criança seja estimulada, ajudada no longo processo de aprendizagem.
É através da brincadeira que a criança pode desenvolver suas capacidades, ultrapassar e transformar a realidade vivida através da imaginação. Ao brincar, as crianças pequenas discutem regras da sociedade à qual pertencem, explorando, refletindo sobre ela e incorporando referenciais existentes, internalizando regras presentes nas relações humanas.
“O brinquedo é entendido, segundo os especialistas, como simples objeto de entretenimento infantil, também ajuda no desenvolvimento fisiológico e psicológico da criança, como com o meio de aprendizagem ou como exercício preparatório de sua formação.” (MOROE, pop. cit. pg. 306).
ROCHA, 1999, pg. 61 e 62, Filosofia e História da Educação, pg. 135.
Se o brinquedo e as brincadeiras podem desempenhar um papel importante, ajudando no desenvolvimento cognitivo/afetivo/psicológico da criança, podemos afirmar que a criança necessita brincar com as outras, tendo em vista que é essa socialização/convivência/troca que contribui no processo de constituição do próprio sujeito, por essa razão, dizemos que as práticas na educação infantil devem caracterizar-se como ações de cuidar e também de educar de forma integrada a criança pequena.
2. A importância da Psicomotricidade na Educação Infantil
A Psicomotricidade assume uma grande importância no desenvolvimento da criança, pois contribui para a estruturação do esquema corporal tendo como objetivo o movimento. Além de proporcionar momentos de diversão, é através das atividades psicomotoras que as crianças tem a oportunidade de criar, interpretar, relacionar-se com os outros, imitar, fantasiar.
A psicomotricidade é essa ação de relacionar-se com o outro através do movimento, unindo corpo, mente, natureza e sociedade. A afetividade também é um fator importante, pois todo ser humano usa seu corpo para demonstrar o que sente.
Através das experiências com o próprio corpo a criança forma conceitos, toma consciência do seu corpo e das possibilidades de se expressar por meio dele. E, a psicomotricidade nada mais é do que o desenvolvimento motor, afetivo, psicológico, promovidos por jogos e atividades lúdicas. A psicomotricidade, portanto, é essencial para o desenvolvimento pleno da criança.
          “A educação psicomotora para ser trabalhada necessita que sejam utilizadas as funções motoras, perceptivas, afetivas e sócio-motoras, pois assim a criança explora o ambiente, passa por experiências concretas, indispensáveis ao seu desenvolvimento intelectual, e é capaz de tomar consciência de si mesma e do mundo que a cerca.”
3. A criança no contexto social - A realidade de muitas crianças
É na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDBEN, assim como em outras leis, que é ressaltada a importância da infância, "considerando, assim, a educação infantil como instrumento e condição essencial de democratização da sociedade, especificando o brincar como condição essencial para o desenvolvimento da criança."
Mas, o filme Crianças Invisíveis retrata a realidade vivida em nossa sociedade e o quanto estamos distantes da sonhada democracia e igualdade de condições, pois trata das histórias, fictícias ou reais, de crianças que estão à margem da sociedade. Deixemos apenas dois trechos que falam sobre este filme, com cara de documentário, atual e dramático, que demonstra como a infância continua sendo tratada, apesar dos esforços para uma real mudança de atitudes.
"São sete curtas que retratam os dramas de crianças nas mais variadas partes do mundo, incluindo o Brasil. Todas as histórias mostram crianças que estão à margem da sociedade (com exceção do episódio Song Song e Gatinha, que revela as mazelas tanto do mundo abastado quanto do miserável).
São vários estilos, que vão do realismo brutal da história de garotos guerrilheiros na África; passando pela viagem fantástica do fotógrafo de guerra que volta a ser menino; ou pelo choque entre a dureza de caráter do garoto ladrão napolitano frente a seu indisfarçável desejo de brincar como criança que é; chegando ao retrato do extremo de uma sociedade muito desigual socialmente, mas que divide entre os desiguais dramas e tristezas."
"Um menino americano, 12 anos, fuzil nas mãos e olhar destemido mesmo quando encara uma patrulha do exército. Porém, seus sentimentos vêm à tona quando se depara com uma sala de aula, um quadro negro e material escolar. É na escola que ele gostaria de estar."
Vimos até aqui, uma série de referenciais teóricos que nos dizem como deve ser a infância, orientações para a educação infantil, sobre o cuidado, a afetividade, o brincar, as brincadeiras, a fantasia, a imaginação, o ser criança, coisas que parecem ser tão comuns na infância. Mas, quando vemos relatos, imagens, filmes como este que acabamos de citar, nos perguntamos: Como tratamos a infância? Essas crianças tem seu direito de viver a infância assegurados? Quais as situações das crianças que chegam às classes de educação infantil? Elas sabem  brincar, tem espaço e oportunidades para isso, se desenvolvem como poderiam?
4. Com Olhos de Criança
Acreditamos que todos nós sabemos as respostas das questões feitas anteriormente, sabemos que a infância não é respeitada, que a escola ainda não dá a devida importância ao ato de brincar e não tem espaços adequados e o planejamento necessário para trabalhar com a socialização, tendo a brincadeira como meio de atingir este objetivo da educação infantil e, é a partir dessas respostas, baseadas no presente, na realidade observada na escola e no respeito às crianças que temos o dever de planejar nossas práticas pedagógicas e propor, lutar para que novas práticas sejam adotadas. 
Na escola 'real' a brincadeira ainda é vista como simples passatempo, até mesmo considerada por muitos educadores como perda de tempo. As brincadeiras são propostas, mas os próprios professores tem dificuldade em entender o ato de brincar como parte essencial na construção da personalidade, do comportamento, do desenvolvimento da criança.
As atividades propostas na escola parceira, por exemplo, são as mais simples, como: brincar na areia, na pracinha, brincar de pega-pega, pula-corda, passa-anel, telefone-sem-fio, de polícia e ladrão, de carrinho, brincar de boneca, de cantigas de roda, etc. Mas, percebemos que falta envolvimento por parte do professor, que muitas vezes se limita em cuidar, não participando, nem orientando as brincadeiras. Existe um distanciamento, não das brincadeiras, mas das crianças no momento da brincadeira.
Entendemos as atividades lúdicas e sua importância, pois, através delas podemos desenvolver até mais do que se propõe num primeiro momento. É importante pensarmos, também, em como as crianças veem o mundo, os pais, a família, a escola, a sociedade como um todo. O educador tem o dever de enxergar a criança como pessoa que é, com potenciais para serem desenvolvidos, que precisa de alguém capaz de ajudá-la em suas dificuldades e que facilite o seu desenvolvimento enquanto ser humano.
Nas creches, por exemplo, os pequenos tem à sua disposição muitos brinquedos, além de outros materiais, recebendo carinho, atenção e o cuidado dos professores, o que permite as brincadeiras, a exploração do espaço, do mundo, o contato com o outro, o conhecimento de si mesmo. Os brinquedos e materiais disponíveis servem de estímulo à imaginação.
Muito tem sido descoberto sobre a inteligência dos bebês, como se dá sua evolução cognitiva e emocional, o que pode ser comprovado por experiências, pela rotina diária das crianças, que podem ser posteriormente organizadas em um currículo que proporcione o desenvolvimento de todas as suas habilidades e/ou aprendizagens que ocorrerão através das ações, da interação com outras pessoas, do ato de brincar, da imaginação e faz de conta.
No faz de conta, a professora deve interagir com as crianças e estimulá-las enquanto brincam. A comunicação deve, portanto, ser estabelecida de forma contínua. Através da brincadeira, os pequenos vão aos poucos se inserindo na cultura e na sociedade, aprendendo a viver em grupo, a relacionar-se com os outros e também a ter controle das suas emoções.
Tudo o que for aprendido na Educação Infantil será valioso nas próximas fases da vida escolar e adulta. O contato com a leitura, por exemplo, ajudará muito na fase de alfabetização. Assim, todos os conceitos aprendidos, as descobertas feitas, continuarão a ter validade mesmo na vida adulta.
“Por meio da exploração, da curiosidade, da observação e dos questionamentos que fazem aos adultos, as crianças buscam entender o como e o porquê dos fenômenos da natureza e da sociedade.”
As crianças tem o mundo todo para conhecer, explorar, descobrir coisas novas, já que tudo encanta seus olhos e, aos poucos, irão formulando seus próprios conceitos de tudo o que está à sua volta. E, nesse processo, o professor deve intervir a fim de ajudá-los a entender e compreender melhor determinadas coisas. Compartilhar e interagir são muito importantes, já que todos nós aprendemos com nossos semelhantes.
Podemos dizer que o homem realmente precisa dos seus semelhantes para existir, ser e viver, pois nossa identidade e autonomia são construídas pouco a pouco, na medida em que nos relacionamos com os outros, com o grupo, com a sociedade. A escola deve, portanto, oferecer os meios para que as crianças desenvolvam-se em todas as suas capacidades.
É preciso ser mais do que um educador que vê seus alunos com distanciamento, como se a escola ou creche fosse um 'cabideiro' humano, onde as crianças são deixadas lá por um tempo, enquanto os pais trabalham, ou ainda aquele educador que conta cada segundo 'gasto' ou 'perdido' com seu aluno, ou pior, aquele que vê a criança sempre 'de cima', não levando em consideração seus anseios, suas expectativas, suas vivências, suas motivações e potenciais. É preciso, enfim, que o educador seja capaz de ver a si mesmo, ao mundo e aos outros, principalmente as crianças com um olhar diferente - com olhos de criança que foi e que vê em cada coisa pequena um grande aprendizado.
"Quando a criança aprende a olhar para o lado social da vida e cresce com essa visão, com certeza será um adulto melhor."
Conclusão
Entendemos que o brincar é muito importante, essencial para o pleno desenvolvimento da criança, já que é brincando que ela irá se desenvolver nos aspectos cognitivo afetivo, psicológico e psicomotor. Podemos nos questionar sobre o valor do brinquedo e das brincadeiras para a criança, e o que eles tem a ver com a ideia de Educar para a Paz, mas é importante entendermos que o brincar, o respeito e a proteção à infância, são essenciais para a construção de uma cultura de paz.
As brincadeiras desempenham um papel relevante no desenvolvimento dos pequenos, desta forma, o brinquedo não pode ser visto apenas como objeto para distração da criança, mas como atividade que traz consigo inúmeras possibilidades, a fim de que seja um objeto de aprendizagem através de situações representantes da própria realidade, que levam as crianças à imaginar, criar, fantasiar, representar situações do cotidiano a partir de sua visão da própria realidade vivida. O brincar assume uma grande importância quando permite a construção de novos saberes, estimulando, motivando, incentivando a criança a aprender.
Os referenciais que tem nos apontado uma nova direção, que considera o brinquedo ou as brincadeiras na Educação Infantil como um poderoso recurso na aprendizagem, assim, o lúdico na escola favorece diferentes aprendizagens, de maneira atrativa e voltada para as crianças. O brinquedo/brincadeira/faz de conta auxiliam novos processos psicológicos e cognitivos. Não existe brinquedo, jogo ou brincadeira sem objetivo ou propósito. O propósito pode, assim, decidir o jogo e justificar a atividade a ser desenvolvida. A brincadeira altera estruturas mentais, pois cria, representa e reproduz mais do que se vê.
Brinquedos e jogos são necessários ao desenvolvimento e aprendizagem, já que favorecem construções, reflexões, a autonomia e criatividade, o que contribui para a afirmação pessoal do indivíduo na sociedade. E é preciso que a escola se dê conta da importância do ato de brincar, dos brinquedos e brincadeiras, dos jogos, das atividades lúdicas no processo de ensino-aprendizagem.
A criança deve desenvolver-se em todos os aspectos, para que se torne um sujeito pleno. É nesse contexto, que a educação infantil torna-se importante, para que as crianças sejam estimuladas e ajudadas no processo de aprendizagem e tudo o que for aprendido nesta fase da vida, será valioso nas próximas fases da vida escolar e adulta.
A escola deve, portanto, oferecer meios para que estas crianças desenvolvam-se em suas capacidades. Ao professor, cabe o dever de enxergar a criança como pessoa com potenciais a serem desenvolvidos, sendo capaz de ajudá-la em suas dificuldades e facilitar seu desenvolvimento enquanto ser humano.

Referências:
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v VYGOTSKY, L.S. A Formação Social da Mente. O papel do brinquedo no desenvolvimento. 1 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1984.


Autora: Micheli Beatris da Rosa*
*Aluna do Curso de Licenciatura em Pedagogia a Distância – UFPEL/UAB.

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