quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A importância do brincar no inicio da escolarização para o desenvolvimento cognitivo da criança

                Resumo
         Muitos teóricos da atualidade ressaltam a relevância das atividades lúdicas no processo de ensino-aprendizagem. Este artigo destaca alguns aspectos teóricos sobre a importância do brincar para as crianças em idade escolar, salientando os Anos Iniciais do Ensino Fundamental e a visão da escola sobre as práticas lúdicas.
        
            Palavras chaves: aprendizagem lúdica, brincadeira, criança
  
            Introdução

            Não é possível dissociar o processo de  aprendizagem das crianças das atividades lúdicas, de acordo com Babtllori e Batllori(1998), para o desenvolvimento de todas as potencialidades das crianças, o contexto mais estimulante e natural é a brincadeira.  A brincadeira é uma linguagem natural da criança e é importante que esteja presente na escola, para que o aluno possa  se expressar através das atividades lúdicas – considerando-se como lúdicas as brincadeiras, os jogos, a música, a arte, a expressão corporal, ou seja, atividades que mantenham a espontaneidade das crianças.     
            Segundo estudos de psicólogos e teóricos da educação, entende-se a fundamental relevância das atividades lúdicas para a construção do conhecimento das crianças. Para Vygotsky e Jean Piaget o brincar  é de fundamental importância para o desenvolvimento social, afetivo e cognitivo da criança.
Segundo Vygotsky(1989) brincar propicia o desenvolvimento de
aspectos específicos de personalidade: a afetividade, a motricidade, a inteligência, a sociabilidade e a criatividade.
            Além dos aspectos citados por Vygotsky, outros estudos e até mesmo através da observação diária do professor em sala de aula na qual se oportuniza a atividade de brincar, é possível afirmar com convicção que as atividades lúdicas, seja ela dirigida ou espontânea, favorece o desenvolvimento sócio-afetivo, a aquisição da linguagem e a agregação de novas palavras ao vocabulário infantil, a incorporação da cultura, de regras sociais, de conceitos gerais, etc.
            Porém, observa-se uma ênfase nas práticas do brincar em sala de aula, quase que exclusiva nos níveis de Educação Infantil.  Ao ingressar no Ensino Fundamental a criança sofre com uma brusca mudança, pois a sua nova sala de aula  já não tem mais uma organização de espaço e de tempo que lhe permita brincar.
             Os educadores dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental reduzem para apenas alguns períodos semanais as atividades recreativas de seus alunos. Muitas vezes os professores deste nível(Ensino Fundamental) não percebem o valor didático do jogo, das atividades lúdicas dirigidas como recursos didáticos de grande valor no processo de ensino-aprendizagem, desmerecendo o fato de que o desenvolvimento integral da criança também se dá por intermédio da construção/reconstrução da realidade que ela faz através de brincadeiras e jogos simbólicos. Para Piaget, a maneira da criança assimilar e acomodar deverá ser sempre através do lúdico. Ele defende que:
“Os métodos de educação exigem que se forneça as crianças um
material conveniente, a fim de que jogando, elas, cheguem a assimilar as
realidades intelectuais, que sem isso, permanecerem exteriores à inteligência
infantil” Piaget (1976).
            Relacionando isso com a prática da educação contemporânea que já preconizava Piaget, Moreno Murcia(2005) entende a prática de atividades lúdicas na escola (jogos e brincadeiras) sob três perspectivas complenentares, são elas: meio globalizador, consiste na prática interdisciplinar, através dos jogos ensinar conceitos de outras matérias disciplinares; objeto de estudo, “é um bloco de conteúdo que apresenta diferente modalidades segundo a complexidade das normas que o regulam” Murcia(2005); e ferramenta metodológica, favorece a exploração corporal, ao tem o objetivo de ensinar algo específico mas de propiciar a interação com o outro.
            Apesar das teorias atuais da educação versarem sobre a importância do brincar na contrução do conhecimento e desenvolvimento integral da criança, não apenas na educação infantil mas também no nível de ensino fundamental, o que revela-se nas escolas segundo Conde e Viciana (1997) é que a aplicação da brincadeira na educação torna-se complexa em um sistema educativo que resiste a aceitar que a aprendizagem deve ser fonte de prazer e que a brincadeira é o melhor instrumento para que se atinja esse princípio de aprendizagem.

  
            Métodos
             Foi realizada uma observação de três dias numa turma de primeiro ano do ensino fundamental de uma escola estadual que atende alunos de pré-escola ao quinto ano, no município de são Jerônimo.
            Investigação da rotina da turma:
            O horário de início da aula é as oito horas e a saída ás doze horas.
            A recreação diária é de quinze minutos, das dez às dez e quinze da manhã.
            A recreação semanal da turma onde são realizadas atividades lúdicas no pátio da escola é de 45 minutos, nas segundas-feiras.
           
 Na oportunidade a professora respondeu ao questionário abaixo:
1.Qual a importância que tu atribuis à ludicidade no processo de ensino-aprendizagem?
R.” As crianças vem ainda bem pequenas para a escola e o maior interesse delas ainda é brincar. É através deste interesse que vamos  fazer despertar nelas o prazer de aprender, pois as crianças aprendem muito através de brincadeiras.”
2.Procuras planejar as tuas aulas de forma lúdica? Por quê?
R. “Sim, por que as crianças sentem mais prazer em aprender e acredito que elas aprendem melhor e mais rápido.”
3. Achas que o tempo que as crianças têm para brincar na escola de ensino fundamental é suficiente?
R. “A escola tem normas, e isto não permite que as crianças brinquem por mais tempo pelo menos no pátio e interagindo mais com outras turmas, o tempo de educação física de cada turma é de apenas quarenta e cinco minutos por semana. Por isso procuro planejar algumas atividades  lúdicas como jogos de quebra cabeça, montar palavras com alfabeto móvel ou algo que possa ser jogado em dupla ou em grupo, dentro da sala de aula para que os alunos possam brincar e aprender simultaneamente. Deixo as crianças mais livres para brincar é na educação física.”
  

            Conclusão
           Apesar das teorias atuais da educação versarem sobre a importância do brincar na construção do conhecimento e desenvolvimento integral da criança, não apenas na educação infantil, mas também no nível de ensino fundamental, o que revela-se nas escolas é uma falta de organização na, no sentido de oferecer mais tempo para atividades lúdicas/recreativas. Segundo Conde e Viciana (1997)  a aplicação da brincadeira na educação, torna-se complexa em um sistema educativo que resiste a aceitar que a aprendizagem deve ser fonte de prazer e que a brincadeira é o melhor instrumento para que se atinja esse princípio de aprendizagem.  
            Relacionando isso com a prática da educação contemporânea que já preconizava Piaget , não dissociando atividades da mente e atividades do corpo, podemos perceber que a escola de ensino fundamental pesquisada, ainda delimita basicamente o momento lúdico às aula de educação física cabendo ao professor em sua sala de aula favorecer situações de ludicidade, pois o sistema educacional como um todo reluta em aceitar que, segundo Palácios e colaboradores (1994) a educação é muito mais que brincadeira, mas muito pouco sem ela.
           
  
           Referências Bibliográficas:
 BATLLORI, J.M. y Batllori, J. (1998). Los bebés tambien juegan. Barcelona: Martínez Roca.
BENJAMIN, W. Refexões: A criança o brinquedo a educação. São Paulo: Summus 1989.
CONDE, J.L. y Viciana, V. (1997). Fundamentos para El desarrollo de La motricidad em edades tempranas. Málaga: Aljibe.
MURCIA, J. A. Moreno; trad.Válério Campos. Porto Alegre : Artmed, 2005.
PIAGET, Jean. Psicologia e Pedagogia. Trad. Por Dirceu Accioly Lindoso e Rosa Maria Ribeiro. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1976.

Autora: Solange Adriane Diniz *
* Graduanda do Curso de Licenciatura em Pedagogia a Distância

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