sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Alfabetização, Letramento e EJA !

Apresentação

          O texto a seguir foi construído a partir de minha parceria na Escola e também das leituras que realizei durante o curso de Pedagogia da UFPEL. Neste texto procuro refletir sobre o tema Alfabetização, Letramento e EJA, sobre as práticas dos professores alfabetizadores, suas formas de ensinar, optando como subtema: Limites e possibilidades da prática pedagógica.            

A justificativa para a escolha foram as observações feitas com minha escola parceira. A turma que observo embora pequena encontra-se alunos com alguns problemas. Nesta turma existem alunos dispersivos, autistas, hiperativos e outros alunos com dificuldades na alfabetização. Gostaria de aprofundar meu entendimento e conhecimento sobre este tema.

Introdução 
Na busca pelo conhecimento de como se dá este processo de alfabetização, realizei algumas visitas na escola e as observações foram realizadas na turma parceira do primeiro ano e contei com a ajuda de outras professoras alfabetizadoras.
Essas observações que realizei acrescentaram mais conhecimento sobre problemas que a professora enfrenta no seu dia a dia e isso me fez ver, voltar a trás na minha experiência com o magistério e entender melhor as causas e problemas de alguns alunos que se apresentam em sala de aula.

Com esta investigação buscaremos compreender como ocorre o processo de alfabetização, seus limites e possibilidades, como ocorre a mediação do professor neste processo, quais seus métodos, e observar as dificuldades ou potencialidades de seus aluno. 



Desenvolvimento


A partir das minhas observações, entendi que a professora já tem um método de trabalho, porém, ele não está definido, não está acabado. O seu ponto de partida é a partir do conhecimento do seu educando, da sua realidade, da bagagem que este educando trás consigo para a escola. A partir desse conhecimento do educando a professora vai planejando suas aulas e assim realizando as modificações que se fazem necessárias. A sala de aula deve ser um ambiente tranqüilo, acolhedor, organizado. A confiança, o afeto, o respeito entre educador e educando e vice versa, é outro fator muito importante que facilita no processo de alfabetização. Esse fator deve se estender também a família, que uma peça fundamental.
Para realizar seu trabalho, as professoras utilizam o material concreto, ou seja, material que o seu educando tenha acesso, que fazem parte do seu dia a dia, que eles já conhecem tipo, embalagens, bulas, rótulos. Depois passam a mostrar letras, sílabas, frases. Partindo do conhecimento e das limitações de seus educandos, utilizam jornais, revistas, computador, tv. Nas visitas realizadas, observa-se que os educandos são motivados a aprender e que ao serem motivados, estamos aguçando sua curiosidade.
Realizei outras visitas na escola parceira e também conversei com outras professoras alfabetizadoras a fim de saber qual método que estas utilizam para alfabetizar. A primeira professora que conversei falou-me que utilizava todos, que utilizava um pouquinho de cada método e no final os alunos estavam lendo e escrevendo, sem um método convencional. A segunda professora utiliza o método silábico. A terceira professora também utiliza o método silábico. Os educandos primeiro conhecem as vogais, o alfabeto e então lhes é apresentado às famílias silábicas. A quarta professora utiliza o método fônico trabalhando bem o som das letras e depois associando as sílabas que formarão a palavra.  A partir da conversa realizada com as professoras pudemos perceber que o professor deve confiar na sua experiência, ser flexível e estar sempre refletindo.  Procurando estudar mais, reciclar-se, ir em busca de subsídios para sua prática pedagógica. 
Através das leituras e observações feitas na turma parceira, percebo que as crianças que convivem em meio letrado, não são indiferentes à língua escrita, entende-se que a leitura e a escrita não esta limitada a sala de aula, facilitando o processo de alfabetização.
As crianças chegam à escola com a leitura que fazem do mundo, reconhecem marcas, tem seu desenvolvimento dentro do ambiente cultural a qual estão inseridas, compreendendo a função da escrita e da leitura se estiverem expostas a um ambiente alfabetizador, crescem sabendo que serve para transmitir informações, ou buscar outras desconhecidas, o aluno que não está inserido a este tipo de ambiente terão mais dificuldades de compreender para que serve, sendo assim, não sentem necessidade de ler e escrever.
“Essas hipóteses conscientes a respeito de leitura a criança adquire à medida que interage com o meio em que vive, especialmente observando o adulto ler diversos materiais escritos e escrever.” (Maria Fernandes Cócco)
O desafio do professor é demonstrar a este aluno que o que ele vai aprender tem significado no seu cotidiano, estão ligados a sua realidade. Organizando técnicas que valorizem o conhecimento prévio do aluno, fazendo que sinta necessidade da leitura e da escrita e que tenha significado para ele.
“O processo de ensino-aprendizagem para alfabetização deve ser organizado de modo que a leitura e a escrita sejam desenvolvidas por intermédio de uma linguagem real, natural, significativa, e vivenciada. A criança precisa sentir a necessidade da linguagem e o seu uso no dia a dia.” (Maria Fernandes Cócco)
Desenvolver a leitura e a escrita observando que nem todos a percebem da mesma forma, dão o mesmo sentido, pois as motivações são diferentes, cabe a escola demonstrar que este conhecimento será utilizado agora e não somente no futuro, que estamos cercados por informações em placas, cartazes, e que precisamos reconhecer estes códigos para compreender melhor o mundo.
O ponto de partida para a prática docente é entender que o aluno vem para a escola com uma bagagem de conhecimentos e com capacidade de construir hipóteses sobre o que é ler e escrever, e a aprendizagem da leitura e escrita não se dão da mesma forma para todos.

“Na aprendizagem da leitura e da escrita, as crianças têm como ponto de partida o sentido do mundo e dos objetos que as cercam, porque aprendem pensando, estabelecendo relações sobre as características da linguagem presentes ao seu redor.” (Maria Fernandes Cócco).
Assim, como o ser humano partiu da construção de uma simbologia (códigos escritos), de maneira similar a criança inicia sua aprendizagem do mundo por meio de gestos, gravuras e desenhos, assim, construindo e reconstruindo seu código lingüístico para ser utilizado na sua comunidade.
Aprendendo não somente a codificar e decodificar palavras como ocorre na alfabetização, necessária como ferramenta cotidiana, mas também a desenvolver o comportamento leitor que é o letramento, compreender o que se lê, centrado no social.
A alfabetização de crianças hiperativas e com dificuldades de aprendizagem precisa de maior atenção do professor, pois é preciso proporcionar a estes alunos estímulos para que desenvolvam seus conhecimentos, respeitando sua capacidade física, sem excluí-los, auxiliando para que a família busque informação e participe do tratamento ajudando no desenvolvimento do aprendizado do aluno.

A construção do processo da alfabetização é algo complexo e desafiador, FERREIRO e PIAGET, não nos traz receitas prontas de como alfabetizar, nos conduz a reflexão de nossas ações, e a busca constante do aperfeiçoamento.


 

           Conclusão
           Após as observações e leituras percebo que não existe fórmula pronta para a alfabetização, é um processo contínuo que para alguns alunos pode ser longo e para outros pode ser mais curto, dependerá da necessidade de cada caso, de quanto este aluno foi estimulado a língua escrita. Não sendo isto um empecilho para a alfabetização, mas somente uma barreira a ser transposta com a mediação do professor que é peça fundamental na alfabetização.  Cabe ao professor buscar ferramentas que facilitem este processo, com embasamento teórico, as trocas de experiências são muito importantes, pois podemos encontrar soluções para casos parecidos, a ajuda da família também é essencial, pois a alfabetização não é atividade somente da escola e sim, do nosso cotidiano.
            O professor deve estar atento as dificuldades de seus alunos, planejando bem suas aulas, avaliar suas estratégias e também avaliar seus alunos diariamente, rever suas práticas através da observação do seu desenvolvimento, buscando soluções a cada necessidade encontrada.

           Aliar a prática com a teoria, pois a teoria é a prática passada a limpo, por teóricos que buscaram as soluções para seus problemas e nos colocam a disposição para consultas, onde encontraremos dificuldades parecidas com as nossas, e as possíveis soluções para alguns problemas.

Planejar atividades diversificadas em que seus alunos sintam prazer na realização das tarefas, através de jogos, brincadeiras e o lúdico, desenvolvendo a criatividade e o interesse em aprender. 



            Bibliografia
Texto: Sujeito Cognitivo de Piaget e o Processo Psicogenético de Construção da Língua Portuguesa - Márcia André, Maria, Sara e Vera
Texto: Ponto de Partida - Cócco, Maria Fernandes; Hailler, Marco Antônio. Didática de Alfabetização: decifrar o mundo: alfabetização e socioconstrutivismo. São Paulo: FTD, 1996, p.24-25.(Conteúdo e Metodologia)
Texto: As Marcas do Caminho – Em Outras Palavras – Cócco, Maria Fernandes; Hailler, Marco Antônio. Didática de Alfabetização: decifrar o mundo: alfabetização e socioconstrutivismo. São Paulo: FTD, 1996, p.19-20.(Conteúdo e Metodologia)
Texto: Conhecimentos prévios das crianças – Teberosky, Ana e Cardoso, Beatriz (org.) . Reflexões sobre o ensino da leitura e da escrita. Petrópolis, Vozes, 1994.
Texto: Falar e escrever – Rego, Lúcia L. b. O desenvolvimento cognitivo e prontidão para a alfabetização. In: Carraher, Terezinha Nunes (org.). Aprender pensando. 5. eá. Petrópolis, Vozes, 1990, p. 34-5.)

Autora: Arlete Miranda Peltz Ferreira
Acadêmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia a Distância/UFPel.

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