segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O valor das brincadeiras na Educação Infantil

Palavras-chaves: atividades lúdicas, desenvolvimento e aprendizagem na Educação Infantil.


1. Resumo. Este artigo tem como objetivo salientar o valor das brincadeiras na Educação Infantil, como forma da criança, construir um conhecimento significativo.  Salientando também que cabe ao educador propiciar estes momentos de uma forma plena, para que assim possa perceber como a criança pensa e vive o seu mundo. Neste sentido fazer com que o ambiente da escola, seja um espaço onde a criança perceba que sua infância é valorizada e que esta pode fazer dos momentos lúdicos, a oportunidade de se tornar um cidadão agente transformador da sua realidade. Para isso o estudo teve como base, experiências observadas dentro do ambiente escolar no nível de educação infantil, referenciais teóricos e subsídios como o Documentário Crianças Invisíveis.
2. Introdução.
“As maiores aquisições de uma criança são conseguidas no brinquedo, aquisições que no futuro tornar-se-ão seu  nível básico de ação real  e moralidade". (Vygotsky, 1989).
 Através das brincadeiras na educação infantil, podemos ampliar nossa visão de que a criança constrói o seu conhecimento através do brincar, e deste modo ficamos atentos à forma com que vamos encaminhar as brincadeiras, para que estas sejam significativas no processo de aprendizagem, contribuindo para que a criança aprenda explorar o meio em que vive, aprendendo a lidar com as regras, assim sabendo viver em sociedade. “Brincar ajuda a criança no seu desenvolvimento físico, afetivo, intelectual e social, pois, através das atividades lúdicas, a criança forma conceitos, relaciona idéias, estabelece relações lógicas, desenvolve a expressão oral e corporal, reforça habilidades sociais, reduza agressividade, integra-se na sociedade e constrói seu próprio conhecimento". (Negrine, 1994).
Brincar é a linguagem natural da criança, e a mais importante delas, segundo Negrine (1994, p.41), “brincar é uma necessidade básica assim como é a nutrição, a saúde, a habitação e a educação". A brincadeira quando conta com uma boa orientação, torna-se uma atividade essencial na educação infantil, onde a criança pode expressar suas ideias, sentimentos e conflitos, mostrando ao educador e aos seus colegas como é o seu dia a dia e sua realidade.

3. Postura dos educadores.
  Não podemos fechar os nossos olhos para realidade, esta que foge dos padrões da concepção que muitos educadores têm de seus alunos, que estes correspondem a todos os seus objetivos, crianças que vem para a escola para serem meros receptores de conhecimentos que muitas vezes não condizem com seus interesses e necessidades, estas de extravasar de deixar a imaginação falar mais alto, de superar as expectativas com aulas criativas, onde se sintam valorizados e respeitados nas suas individualidades. Que não sejam mais tratadas somente como crianças que tendem a superar as expectativas dos pais e dos educadores e sim que estas crianças através de seus sonhos e vontades tenham espaço de se fazerem presente com cidadãs e que não sejam mais consideradas como pessoas que estão sendo moldadas para ser o futuro, pois estas têm a capacidade de terem sua participação para o presente, este que conta com o espaço da escola, onde educadores comprometidos e atentos em valorizar sonhos e respeitando a vontade própria das crianças. “É o adulto, na figura do professor, portanto, que na instituição infantil, ajuda a estruturar o campo das brincadeiras na vida das crianças” (RCNEI, 1998:28).

4. O brincar e o faz - de –conta na Educação Infantil
 Através dos momentos lúdicos que se propicia a mais enriquecedora oportunidade da criança aprender a conviver com o outro, a lidar com as diferenças, de expor seus desagrados, suas ideias, de dividir objetos e brinquedos. Deste modo aprenderá a superar as dificuldades, solucionando os conflitos que surgem, tornando-se uma criança segura e conquistando cada vez mais sua autonomia.   O momento das brincadeiras de faz-de-conta, onde brincam como se fossem pai, mãe, super heróis, é o momento onde recriam, ou imaginam personagens a partir de suas vivencias, e partindo deste mundo de imaginação e fantasia que a criança tem a oportunidade de aprender mais a relação entre as pessoas e também sobre si mesma.  
5. Construindo o conhecimento através das brincadeiras
  As brincadeiras como os jogos, a música, arte e expressão corporal, onde a espontaneidade é explorada, se tornam a oportunidade da criança construir seu conhecimento de forma significativa, construir-se como sujeito, para que assim desenvolva o seu pensamento critico. “A criança que é estimulada a brincar com liberdade terá grandes possibilidades de se transformar num adulto criativo” (SANTOS, 2004:114). A brincadeira é a característica de ser criança, de desfrutar de uma fase que nos distancia um pouco das dificuldades da vida, pois vimos na realidade da desigualdade social, crianças que são obrigadas pelas circunstâncias da vida, a trocarem as brincadeiras pelo trabalho, este que as tornam adultos antes do tempo, onde acabam por muitas vezes os otimismos, os sonhos e a fantasia que o brincar e o ser criança proporciona.  Este brincar que mesmo mediante as dificuldades da vida que muitas crianças passam, como nos deixa explicito esta realidade através do documentário italiano Crianças invisíveis, do diretor Mehdi Charef, que em um dos sete curtas Bilu e João, que em meio à luta pela sobrevivência, catando latinha de sol a sol, estas crianças não perderam sua essência de criança, e conseguem fazer o uso da sua criatividade, pois criam do material de sucatas a suas brincadeiras e conseguem desfrutar um pouco de sua infância.  E assim nos dando mais do que uma visão da realidade, nos dando uma visão, que o educador deve explorar através das brincadeiras, a oportunidade de se fazer criar, imaginar, construir e transformar.

Conclusão:
 As atividades lúdicas devem contar com educadores que valorizem a infância, e que façam até mesmo o uso de uma boa estratégia, como se remetendo a sua própria infância , pois assim deixaram aflorar a criança que foram e, deste modo irão lembrar-se do que brincavam, do que gostavam assim se aproximando do momento em que as crianças estão vivenciando, para que desta forma este educador, propicie um ambiente prazeroso, cheio de descobertas e desafios, fazendo do brincar uma forma de evidenciar que este é um processo que toda a criança tem o direito de vivenciar, para garantir um desenvolvimento pleno.
6. Referências Bibliográficas
Brasil, Ministério da Educação, Secretaria de Ensino Fundamental: Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, volumes I, II, III. Brasília: MEC/SEF, 1998.
Documentário Italiano: Crianças Invisíveis, Diretores Mehdi Charef.
Francisco Tonucci.Com Olhos de Crianças
HORN, Claúdia Inês. Brincar e jogar: Atividades com materiais de baixo custo. Claúdia Inês Horn, Porto Alegre: Mediação, 2007. 72p.
NEGRINE, Airton. Aprendizagem e desenvolvimento infantil. Porto Alegre: Prodil, 1994.

SANTOS, Santa Marli Pires. Brinquedo e Infância: Um guia para pais e educadores em creche. Petrópolis, 2004. 115p, 6º edição.
VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. São Paulo. Martins Fontes, 1989.

  Autora:   Raquel Bairros Fortes*
* Graduanda do Curso de Licenciatura em Pedagogia a Distância.


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